quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Papel dos pais cristãos no Século XXI

Nos dias que correm cada vez mais temos acesso a tudo e menos espaço
para a comunicação efectiva. No que respeita à família, o corre-corre da
vida profissional e muitas vezes social facilita a falta de tempo de
qualidade investido com os nossos filhos. Falta de tempo para os ouvir,
para falar e brincar com eles, discernir as suas preocupações, deixá-los
expressar suas emoções, passar tempo juntos.

A televisão e o computador parecem preencher os tempos livres dos nossos
filhos e sem nos apercebermos passam a constituir elementos cruciais que
moldam o seu desenvolvimento.

Há muitos anos atrás a família juntava-se à volta da lareira e
contavam-se histórias, experiências e adivinhas. Falava-se do passado,
do dia-a-dia e do futuro. Depois e especialmente nos centros urbanos o
tempo da lareira foi ocupado pelo da televisão. A família passou a
encontrar-se à volta do pequeno écran e de preferência depois de uma
refeição , num momento livre.
Mas, a televisão passou também a entrar noutras divisões da casa, na
cozinha, no quarto dos pais e até mesmo no dos filhos. Além da
televisão, chegaram o computador e a internet que são sem dúvida
instrumentos muito necessários e eficazes, mas quanto é o tempo diário
investido pelos nossos filhos em frente à televisão ou navegando na
internet? E qual o tipo de programas ou de sites que eles estão a consumir?

Em pleno decurso do século XXI já não existe um tempo de “lareira”. Nós
convidámos para os nossos lares outras “ lareiras” e o problema é que
pensamos que elas nos substituem. É importante reflectirmos sobre a
educação que estamos a promover. Nenhum recurso é mais valioso do que as
pessoas. Já a tribo africana Xhosa dizia “Pessoas dependem de pessoas
para ser pessoas”.
Os nossos filhos precisam de nós, do nosso tempo, das nossas palavras,
atenção e experiências para se encontrarem consigo mesmo, com os outros
e com Deus.

À família compete a tarefa de educar e educar pressupõe muito mais do
que suprir as necessidades básicas de alimentação e de saúde e o
estabelecer de regras. Os princípios de vida e os valores devem der
vividos, partilhados e ensinados em casa.

Se à escola compete a função de educar do ponto de vista cognitivo,
intelectual, estético, artístico, moral e ético, não podemos esquecer de
que elas também são parte integrante e fundamental da família.

Não esperemos que numa sociedade pluralista e relativista como a nossa
que seja a escola quem transmite aos nossos educandos os valores que
acreditamos e defendemos.

Como podemos discordar do modelo da educação para sexualidade nas
escolas desde o 1º ciclo até ao 12º ano se não apresentarmos uma
proposta concreta e alternativa?

O Estado e a escola não pode impor um modelo de educação para a
sexualidade que não respeite a opinião dos respectivos encarregados de
educação!

Cabe aos pais e encarregados de educação decidir sobre qual o modelo de
educação sexual que deve ser ensinado aos seus filhos e como pais
evangélicos defendemos um modelo assente na abstinência até ao casamento
e na fidelidade matrimonial heterossexual.

O Estado não tem o direito de impor qualquer modelo ou um currículo em
que todas as opções ou orientações surjam como igualmente válidas.

A COMACEP, Comissão para a Acção Educativa Evangélica nas Escolas
Públicas, tem disponibilizado a algumas escolas um currículo de Educação
Sexual, baseado no princípio da abstinência até ao casamento,
fundamentado em valores médicos, de saúde, psicológicos, emocionais,
afectivos e espirituais, promovendo um compromisso do adolescente e do
jovem consigo mesmo, com o seu futuro cônjuge, com a sua família e com
Deus. Consta de um
DVD com histórias de vida e depoimentos de técnicos, bem como de um
manual de apoio. Alguns estabelecimentos de ensino adoptaram o curso
para toda a comunidade educativa interessada, envolvendo a decisão dos
encarregados de educação.

Por outro lado, o modelo do evolucionismo continua a ser a única
explicação sobre as origens apresentada nos currículos e manuais. È
importante que como cristãos dialoguemos sobre esta temática e
preparemos os nossos filhos com as bases sólidas no criacionismo bíblico.

Como pais evangélicos defendemos que os alunos devem ser informados
rigorosamente sobre os vários modelos/teorias explicativas das origens,
entre elas o criacionismo.

Se como pais e mães evangélicos nos envolvermos no diálogo aberto sobre
estas temáticas estaremos a preparar os nossos filhos para assumirem com
ousadia, sabedoria e espírito crítico as suas convicções, no contexto da
escola, com professores e colegas marcando a diferença, como “sal” e
“luz” numa geração em que os valores perdem significado e em que as
pessoas são robôs manipuladas pelos media e pelos seus “pares”.

Nunca como hoje os pais e encarregados de educação precisam estar
informados sobre o que se passa na escola e participar activamente no
seu projecto educativo.

A intervenção dos pais cristãos evangélicos na comunidade educativa é
fundamental seja através da presença regular às reuniões promovidas
pelos directores de turma seja em actividades organizadas e extensivas
aos pais ou ainda na participação nas reuniões das Associação de Pais.

Muitos dos problemas de comportamento, aproveitamento e insucesso
escolares poderão ser resolvidos, ou melhorados, se os pais colaborarem
com os professores no processo educativo e para isso é necessário estar
presente e acompanhar.

Cada vez mais ouvimos acerca da influência positiva e marcante que os
pais evangélicos têm exercido em diferentes escolas pelo simples facto
de se terem envolvido nas Associações de Pais. Aí poderão contribuir de
forma mais efectiva na elaboração do Regulamento Interno e do Projecto
Educativo, propondo actividades diversas que visem o enriquecimento
escolar, envolvendo-se com a autarquia local e muitas vezes sendo
representante dos pais em assuntos de natureza disciplinar.

O absentismo de muitos dos pais e também dos evangélicos nas escolas tem
sido justificado pela falta de tempo, mas este é um argumento pouco
válido. Trata-se de uma prioridade nas nossas agendas!

Como pais não nos podemos demitir nem transferir as nossas
responsabilidades como educadores para a escola, nem tão pouco para os
professores da escola dominical da igreja local que sem dúvida fazem o
seu melhor mas apenas estão com os nossos filhos uma vez por semana.

Para uma educação integral do indivíduo contribuem muitos factores que
cooperam e se completam. A educação constrói-se tendo como base o
triângulo Família-Escola-Igreja, sendo sempre a Família a ignição do
processo educativo.

Há dezessete anos que os pais evangélicos têm a possibilidade de
inscrever os seus filhos na disciplina de Educação Moral e Religiosa
Evangélica. As aulas constituem um espaço dinâmico de reflexão e de
abordagem de diferentes temáticas actuais numa perspectiva cristã
evangélica. Não pretende substituir o ensino transmitido na igreja mas
proporcionar o confronto esclarecido das diferentes formulações e
teorias ministradas nos currículos com os princípios e verdades
comunicadas pelas Sagradas Escrituras.

É nosso dever, como pais evangélicos, motivar os nossos filhos para a
inscrição nesta disciplina. Esta é uma oportunidade que nos é dada não
só aos nossos filhos mas também como elemento de influência na vida dos
outros, da escola e da sociedade.

Foi para reflectir sobre algumas destas questões que alguns encarregados
de educação evangélicos, no dia 2 de Junho de 2007 se reuniram no
auditório do Instituto Português da Juventude em Lisboa. Foi um tempo de
formação, diálogo e reflexão muito enriquecedor.

Deixamos aqui o desafio aos pais evangélicos para que numa próxima
iniciativa se envolvam e participem em maior número.

A título de conclusão e para reflectir:

É tempo de semear para poder colher!

É tempo de investir esforços, em vez de reclamar do que está mal ou do
que ainda não existe!

È tempo de oração É tempo de acção!

É tempo de cada um de nós agir e fazer a sua parte em vez de esperar que
os outros façam!

É tempo de aproveitar as oportunidades e de deixarmos que cada um de nós
seja o “Evangelho Vivo”, as Boas-Novas de Deus para os nossos dias!

Não é necessário muito tempo ou formação, basta existir vontade,
determinação e prioridade. A nossa família e os nossos filhos são a
nossa prioridade!

Como pais e mães evangélicos vamos participar mais activamente na
Educação e ajudar a edificar uma Escola melhor.

Isabel Pinheiro

Um comentário:

Marieller disse...

Seria bom que tds lessem este artigo!
Os lares estão carentes dessas verdades