terça-feira, 19 de agosto de 2008

REFORMA PROTESTANTE E CONTRA-REFORMA



“Só a Fé Salva” – Martinho Lutero

“Deus criou vasos para a salvação e vasos para a danação eterna. Se a Mão de Deus estiver sobre a tua cabeça tu será beneficiado aqui na terra com muita saúde e prosperidade. Por este indício compreenderás que estás predestinado à salvação” – João Calvino

O desenvolvimento do comércio e a conseqüente ampliação do poder político e econômico da burguesia tornavam anacrônico o discurso da Igreja Católica Romana, que pregava “ser mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” por um lado e, por outro, vender indulgências e ficar com parte do lucro auferido “pecaminosamente” daquele ponto de vista.

A Igreja Católica Romana tinha uma pregação – a cobiça, fundamentalmente, era condenada pela Igreja! – e uma prática diferente de seu discurso (mais ou menos como nossos governantes hoje fazem, dizem uma coisa e fazem outra...). Por outro lado ao burguês que enriquecera comprando barato (ou saqueando) e vendendo com largo lucro, além de cobrar juros, não era interessante:


Martinho Lutero

a) Partilhar a sua riqueza com um clero cuja prática era incongruente com seu discurso.

b) Ouvir sermões ameaçando-o com as penas do Inferno se não abandonasse a prática da usura, da “venda do tempo”, etc.

Com isto, no Renascimento está formado o caldo de cultura necessário ao surgimento do protestantismo.

Dentro do Individualismo, um dos principais valores renascentistas, o protestante conversa diretamente com Deus; não encomenda a um padre uma missa pedindo a um santo que interceda a Deus por ele numa hierarquia que já não lhe diz respeito. O burguês conversa direta e individualmente com Deus.

O Início da Reforma – Lutero
Tradicionalmente diz-se que a Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero, monge agostiniano alemão 91483 – 1546), cujo pensamento sofreu profunda influência de São Paulo de Tarso.

Numa Epístola de Paulo aos Romanos encontrou a “chave” para consolidar uma idéia nova de salvação: “O justo viverá pela fé.” E “não são as obras, mas é a fé que conduz à salvação”. Não importa como você aja no mundo. Se a sua fé for “do tamanho de uma raiz de mostarda” você está no caminho da salvação, não importa o que faça. Desprezando olimpicamente os vários trechos bíblicos que rezam: “o que é a fé sem as obras?”; “A fé sem as obras é morta!” e “Mostra-me a tua fé sem as obras que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé!” Lutero criou um novo sistema religioso abrindo um cisma com a Igreja Católica Romana.



Em 1517 afixou na Abadia de Wittenberg suas famosas "95 Teses Contra a Venda de Indulgências", sendo excomungado e correndo o risco de, a exemplo de Jan Hus e Thomas Münzer, ser martirizado pela Igreja. A diferença é que estes dois, com profunda sinceridade de coração, desejavam voltar ao princípio da fé cristã, em grande medida desvirtuada pela Igreja, mas para tanto aliaram-se aos pobres, aos desvalidos e deserdados da sociedade. Já Lutero, espertamente, aliou-se aos príncipes interessados, como se disse, em apoderar-se das terras da Igreja...

Lutero encontrou terreno fértil à sua pregação nas regiões em que era interessante aos nobres se apoderarem das terras da Igreja Católica. Aliando-se aos príncipes, conseguiu principalmente o apoio do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico Carlos V, que convocou a “Dieta de Worms” em 1521. As doutrinas luteranas causaram grande agitação, principalmente sua idéia subversiva de confiscar os bens da Igreja.

Sua aliança aos príncipes fica mais clara à medida em que analisamos sua reação aos camponeses da região da renânia que, uma vez convertidos, passaram a apoderar-se dos bens da Igreja Católica Romana. Lutero apoiou uma violenta repressão aos camponeses em 1525 dizendo: “A espada deve se abater sobre estes patifes! Não punir ou castigar, não exercer esta sagrada missão é pecar contra Deus!”

Na Dieta de Augsburgo, convocada pelo Imperador Carlos V em 1530, estabeleceram-se as bases fundamentais da nova religião luterana. Ficava abolido o celibato ao clero protestante; proibido o culto a “imagens de escultura e a Virgem Maria”; proclamava a Bíblia e sua interpretação subjetiva do leitor como autoridade, renegando os dogmas de Roma, entre outras medidas.

Aprofundando a reforma – Calvino - Igreja Presbiteriana
Uma das principais conseqüências do cisma provocado por Lutero no seio da cristandade foi a difusão de suas idéias como um rastilho de pólvora por toda a Europa Central, onde se concentravam os burgueses enriquecidos e os príncipes interessados no confisco dos bens da Igreja.

A Reforma foi aprofundada por alguns de seus seguidores, com particular ênfase a João Calvino (1509 – 1564) que dinamizou o movimento protestante através de novos princípios, como o da predestinação absoluta, que enfatizava o quanto uma pessoa estava “sendo abençoada por Deus” uma vez enriquecesse e o quanto estava predestinada à danação eterna uma vez pobre, doente e miserável... Quem nisso acredita trabalha como louco para “provar” a seus vizinhos, pelos aspectos exteriores de suas posses e bem-estar físico e material que é um “vaso reservado para a salvação”.

Pense: se você fosse um burguês enriquecido preferiria a pregação de um sacerdote católico a acusá-lo de desonestidade, heresia por haver enriquecido através da prática condenável do lucro e da usura ou a pregação de um sacerdote protestante a informar que a sua riqueza é um sinal de que está predestinado para a salvação eterna? Não é de admirar que os países mais prósperos do mundo capitalista professem a fé protestante em seus mais diversos matizes...

Um caso singular – Henrique VIII e a Reforma Anglicana
Vários pregadores e potentados ingleses estavam ansiosos para aderir também à Reforma e, com isso, confiscar terras da Igreja a exemplo do que havia ocorrido em boa parte da Europa continental. O rei inglês Henrique VIII (1509 – 1547), contudo, era muito devoto e recebeu uma comenda do papa Clemente VII: “Defensor Perpétuo da Fé Católica”.

De repente, um coup de foudre (paixão avassaladora) muda os rumos da situação: casado por interesse com Catarina de Aragão, Henrique VIII apaixona-se cegamente por Ana Bolena e solicitou ao papa a anulação de seu casamento para que pudesse contrair novas núpcias. Diante da resposta do papa “o que Deus uniu o homem não separará” e da pressão dos príncipes e pregadores ingleses, pelo Ato de Supremacia proclamado pelo rei e votado pelo Parlamento inglês, a Igreja, na Inglaterra, ficava sob total autoridade do monarca.

Inicialmente o anglicanismo manteve todas as características da Igreja Católica Romana, excetuando-se o direito ao divórcio (de interesse do rei!) e a obediência à infalibilidade do papa. Com o passar dos anos a Igreja Anglicana agrega muitos dos valores do Calvinismo, afastando imagens de escultura, fazendo uma leitura singular da Bíblia, etc.

Reação da Igreja Católica Romana – a Contra Reforma
Convocando o Concílio de Trento (1545 – 1563), a Igreja Católica estabeleceu um conjunto de medidas defensivas e ofensivas. A fim de impedir a contaminação pelo protestantismo dos países ainda não atingidos, criou um Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos), dentre os quais encabeçavam as obras de Lutero, Calvino, etc. Reativou o Tribunal da Santa Inquisição, com a finalidade de reprimir heresias. Criou o catecismo, catequese e os seminários com vistas a discutir e persuadir os fiéis reconquistando o terreno perdido. Além disso, receberam incentivo as novas Ordens de pregadores apostólicos romanos com vistas a “levar a fé católica ao “Novo Mundo”. Neste contexto surge a Companhia de Jesus, de Inácio de Loyola, subordinada diretamente ao papa e que levava sua pregação ao continente americano e até à Ásia. Também os dominicanos (domini = do Senhor; cani = cães), portanto caninamente obedientes e devotados a propagar a fé católica.

Jamais houve uma discussão ou um debate sério entre um papa e qualquer autoridade protestante acerca de temáticas doutrinárias. Todos ficam presos às suas metáforas e interpretações diferentes dos mesmos textos bíblicos e muito sangue foi derramado por causa disso.

A relembrar ainda a coincidência entre o protestantismo e o capitalismo e, de outro lado, entre o catolicismo e o tradicionalismo. Os países mais prósperos, do ponto de vista burguês, capitalista (ou (“capetalista”, como preferem os puristas) seguem todos majoritariamente a fé protestante em seus diversos matizes: EUA, Inglaterra, Suíça, Holanda, Alemanha, Suécia... Por outro lado, aqueles ligados ao catolicismo e à ética do amor ao próximo, que não foram profundamente tocados pelo protestantismo, seguem subdesenvolvidos do ponto de vista capetalista – casos dos países Ibéricos e da América Latina, por exemplo.

Fonte: www.culturabrasil.org

REFORMA PROTESTANTE E CONTRA-REFORMA
O desejo de reconduzir o cristianismo à pureza primitiva e de livrar a igreja cristã da corrupção e do excessivo poder de Roma, deu origem, ao longo do século XVI, à Reforma Protestante.

Os protestantes, também chamados de evangélicos, dividem-se atualmente em três grupos de afinidade teológica. O do protestantismo histórico, criado a partir da reforma; o pentecostal, surgido no começo do século XX, e o neopentecostal, o grupo mais recente. No Brasil, o protestantismo começa a se estabelecer no início do século XIX e hoje reúne o maior número de adeptos da América do Sul.

O termo "protestante" tem origem no protesto de seis príncipes luteranos e 14 cidades alemãs em 19 de abril de 1529, quando a segunda dieta de Speyer, convocada pelo imperador Carlos V, revogou uma autorização concedida três anos antes para que cada príncipe determinasse a religião de seu próprio território. O termo foi logo adotado, de início pelos católicos e logo a seguir pelos próprios partidários da Reforma, pois seu protesto, entendido como uma rejeição à autoridade de Roma, constituiu um claro sinal às diversas igrejas que se declaravam reformadas.

A disparidade e a progressiva subdivisão das igrejas protestantes (luteranos, calvinistas, anglicanos etc.) decorreram de seu próprio princípio original: a interpretação pessoal das Sagradas Escrituras sob a luz do Espírito Santo.

O fundamento da doutrina protestante gira em torno da idéia da salvação unicamente pela fé. Martinho Lutero e os demais reformadores baseavam esta exclusividade na natureza corrupta do homem por causa do pecado original e, por conseguinte, em sua incapacidade para realizar boas obras aceitáveis por Deus.

Dessa maneira, a salvação seria uma graça que envolve a natureza humana, sem penetrá-la, e que a apresenta como justa ante Deus. Essa concepção difere da católica, segundo a qual a graça é conferida pelos sacramentos, entendidos não como novos intermediários entre Deus e os homens, mas como prolongamento da ação de Cristo que transforma internamente a natureza humana. Os protestantes sempre recusaram qualquer pretexto de mediação da igreja, até mesmo por meio dos sacramentos.

A única autoridade reconhecida pelos protestantes em matéria de fé e de costumes é a palavra de Deus, constante das Sagradas Escrituras. A palavra atua por seu contato pessoal mediante a ação do Espírito Santo, engendrando a fé, e com ela a salvação. Daí a importância da pregação da palavra de Deus, assim como da tradução da Bíblia para as línguas vernáculas, iniciada por Lutero, e da interpretação pessoal ou livre exame dos textos bíblicos.

A propagação do protestantismo pela Europa e América, assim como a multiplicidade de interpretações doutrinárias surgidas ao longo de sua evolução histórica, deu origem, já no século XVI, à progressiva divisão das primeiras igrejas protestantes.

Ao contrário do que ocorrera na Inglaterra, onde de início o calvinismo se chocou com a igreja oficial, na Escócia ele não tardou em transformar-se na religião principal, graças aos esforços de John Knox, no século XVI, que contribuiu ativamente para a instauração do presbiterianismo.

O movimento pietista exerceu considerável influência sobre o metodismo, fundado no século XVIII pelo teólogo inglês John Wesley, que, com seu irmão Charles e seu amigo George Whitefield difundiu entre os estudantes da Universidade de Oxford uma série de métodos de vida cristã para reativar o sentimento religioso. Embora os fundadores do grupo divergissem doutrinariamente quanto à idéia da predestinação, defendiam em comum a necessidade não apenas da fé, mas também da prática de boas ações.

A difusão das doutrinas metodistas pela Europa, e sobretudo pelos Estados Unidos, deu origem no século XIX a um redespertar do protestantismo, caracterizado pela associação à teologia tradicional de uma espiritualidade sentimental e por uma profunda preocupação com os problemas morais e sociais.

A teologia liberal conduziu também a um enorme desenvolvimento da pesquisa bíblica, com uma orientação historicista. Os estudos críticos dos livros do Antigo e do Novo Testamento feitos por Ferdinand Christian Baur, Joseph Barber Lightfoot e Adolf von Harnack lançaram nova luz sobre as interpretações tradicionais da Bíblia.

Movimento ecumênico protestante: O trabalho missionário e assistencial decorrente da propagação do protestantismo na Ásia e na África e a necessidade de atender às numerosas denominações que proliferam nos Estados Unidos, levaram à busca da unidade e da ação conjunta das diversas igrejas protestantes. A Conferência Missionária Mundial, realizada na cidade de Edimburgo em 1910, marcou o início desse movimento ecumênico e foi o germe de novos congressos e conferências - Estocolmo, em 1925 e Oxford em 1939 - que conduziram à constituição do Conselho Mundial de Igrejas, cuja primeira reunião ocorreu em Amsterdam em 1948. A partir de então, o desenvolvimento do movimento protestante foi muito grande.

Protestantismo no Brasil: Afora a efêmera tentativa, por parte de huguenotes franceses, para fundar uma colônia no Rio de Janeiro no século XVI, a única manifestação do protestantismo no Brasil, até inícios do século XIX, se deu durante a ocupação holandesa de Pernambuco, no período 1630-1654. Data de 1824 o surgimento das primeiras igrejas luteranas no Brasil. Na década de 1850 instalaram-se no país igrejas congregacionais e presbiterianas, fundadas por missionários americanos. A esses grupos seguiram-se metodistas, batistas e episcopais. Na segunda metade do século XX difundiram-se sobretudo grupos de caráter pentecostal.

Fonte: www.renascebrasil.com.br

REFORMA PROTESTANTE E CONTRA-REFORMA


Martinho Luter : criador da religião Luterana

Motivos
O processo de reformas religiosas teve início no século XVI. Podemos destacar como causas dessas reformas : abusos cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mundo, fruto do pensamento renascentista.

A Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos elementos do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais, deixavam a população insatisfeita.

A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos.

Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências (venda do perdão).

No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois este interferia muito nos comandos que eram próprios da realeza.

O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista, começava a ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo. Um pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão.

A Reforma Luterana
O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica. Afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam vários pontos da doutrina católica.

As 95 teses de Martinho Lutero condenava a venda de indulgências e propunha a fundação do luteranismo ( religião luterana ). De acordo com Lutero, a salvação do homem ocorria pelos atos praticados em vida e pela fé. Embora tenha sido contrário ao comércio, teve grande apoio dos reis e príncipes da época.Em suas teses, condenou o culto à imagens e revogou o celibato.

A Reforma Calvinista
Na França, João Calvino começou a Reforma Luterana no ano de 1534. De acordo com Calvino a salvação da alma ocorria pelo trabalho justo e honesto. Essa idéia calvinista, atraiu muitos burgueses e banqueiros para o calvinismo. Muitos trabalhadores também viram nesta nova religião uma forma de ficar em paz com sua religiosidade. Calvino também defendeu a idéia da predestinação.

A Reforma Anglicana
Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com o papado, após este se recusar a cancelar o casamento do rei. Henrique VIII funda o anglicanismo e aumenta seu poder e suas posses, já que retirou da Igreja Católica uma grande quantidade de terras.

A Contra-Reforma
Preocupados com os avanços do protestantismo e com a perda de fiéis, bispos e papas reúnem-se na cidade italiana de Trento ( Concílio de Trento ) com o objetivo de traçar um plano de reação.

No Concílio de Trento ficou definido :
Catequização dos habitantes de terras descobertas, através da ação dos jesuítas;
Retomada do Tribunal do Santo Ofício - Inquisição : punir e condenar os acusados de heresias
Criação do Index Librorium Proibitorium ( Índice de Livros Proibidos ) : evitar a propagação de idéias contrárias à Igreja Católica.
Intolerância
Em muitos países europeus as minorias religiosas foram perseguidas e muitas guerras religiosas ocorreram, frutos do radicalismo. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por exemplo, colocou católicos e protestantes em guerra por motivos puramente religiosos. Na França, o rei mandou assassinar milhares de calvinistas na chamada Noite de São Bartolomeu.

Fonte: www.suapesquisa.com

Nenhum comentário: